Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

terça-feira, 24 de maio de 2005

dançando na merda...
Daniel Duende e seu humor paradoxal... mesmo.

Eu sempre digo que tenho um humor paradoxal, daqueles de rir em enterro e coisa e tal. Para o alívio de meus amigos, a coisa de rir em enterro é apenas um exemplo... na maior parte do tempo.
Mas... sim... eu tenho um humor paradoxal.

Vamos a meu dia de hoje.

Acordei. Fiquei feliz por 10 segundos, sorrindo e passando a língua nas gengivas, pensando que o inferno havia acabado... até que doeu. Merda!
Levantei de má vontade e fui lavar o rosto, escovar o dente, enfim, me preparar para um dia de trabalho que eu não poderia perder.

Já no caminho de trabalho eu senti o que me esperava. Ao que parece a inflamação da gengiva causou uma inflamação de garganta, ou coisa parecida. Alguma coisa, ou melhor, algumas duas coisas (uma de cada lado do meu pescoço) cresceu do tamanho de uma azeitona para o tamanho de uma bola de ping-pong. E eu espero de todo coração que não sejam as minhas amigdalas...

Ao longo da tarde fui definhando. Cada vez mais os dentes doíam. Minha velha escovinha e minha pasta de dente de campanha (que parece ser pouco mais do que halls líquido de segunda qualidade) não estavam mais segurando a onda. Em um momento de desespero peguei o telefone, liguei para o velho dentista de família (aquele que eu não visito há 10 anos) e marquei uma hora emergencial. Hoje às 17:00hs...
Alívio!

Mas as coisas nunca podem ser tão simples assim. Quatro horas da tarde, quando o Duende mal conseguia engolir e muito menos pensar, é convocada uma reunião aqui na Secretaria de Políticas Culturais. Lá vai o Duende, qual um zumbi, para uma sala quente e cheia de gente falando, discutindo assuntos que ele nem conseguia mais entender, quanto mais acompanhar...
E foi chegando a hora do dentista, e a reunião se acirrava... até que milagrosamente acabou como que por encanto. Duende corre pelos corredores rumo ao elevador mais próximo...

Ganhando as ruas debaixo do bloco do Ministério, o Duende corre, esquecendo por um segundo seu estado abatido. Se bem me lembro eu até estava cantando algo enquanto corria... Bem... Acho que estava. Entro em meu carro (que estava quente como o 4o, ou seria o quinto, nível do inferno?), jogo minha bolsa para o lado, giro a chave e então... então é só ir para o Conjunto Nacional rapidinho e ir ao dentista, certo?

Certo... seria isso, se o meu carro tivesse funcionado. Pane elétrica geral... o carro não dava nem sinal! Lembrei-me imediatamente das aventuras de Babi e Mausserch (será que é assim que se escreve?) no eixão, mas resolvi não tentar imitá-la por falta de alicate de unhas, flanela e competência. Voltei para o Ministério, dando gargalhadas de mim mesmo e cogitando uma longa caminhada até o conjunto... (ué, mas eu não tava passando mal? acho que havia me esquecido disso de tanto rir...)

Peço o corajoso Herbie, o fusca de meu irmão, emprestado. Depois de um sermão sobre não me esquecer de devolver a chave e os documentos para ele depois (não me lembro mesmo de ter esquecido disso alguma vez... mas esta é a idéia, né?), pego as chaves e corro novamente pelo ministério, e então pelo estacionamento, em busca do carrinho arredondado e marrom. Teria sido mais fácil achá-lo se eu tivesse lembrado de prestar atenção à resposta quando perguntei a meu irmão onde se encontrava o carro.... ele parece ter respondido de forma tão elucidativa... eu só não me lembro.

Enfim... achei. Tirar o carro da micro-vaga onde estava enfiado, cercado pelos 3 lados por carros que mais pareciam querer bolinar o pobre carrinho, foi mais fácil do que eu imaginava. Afinal, um fusca é um fusca. Chegar no Conjunto, parar o carro na garagem, subir até o quarto andar... tudo foi fácil. E eu estava até ficando de mau-humor, sentindo o peso do cansaço e das dores...
Até que cheguei na sala do dentista. E então o meu dia ficou realmente estranho...

A sorridente e redondinha atendente de meu velho dentista me aborta na porta do consultório, de onde posso ver claramente uma cadeira de dentista...
atentende> Oi, você é o Daniel?
duende> Sim. Sou o Daniel Carvalho, filho do Murilo...
atendente> Ahn... vc marcou hora com o Doutor Raphael hoje né?
duende> sim sim... para dar uma olhada nas minhas gengivas.
atendente> Poisé, mas o Doutor Raphael não cuida mais de gengivas.
duende> COMO!?
atendente> Ele agora só cuida de "dores crâneo-cérvico-lombares"
duende> HÂ!?
atendente> Erh... ele faz massagem.
duende> Ahn... sim. MAs eu marquei um horário com vc hoje de tarde para ver minha gengiva. Pq vc não avisou antes?
atendente> Erh....
duende> Ok, pergunta fora do script né? ele mudou de profissão ao longo da tarde, acredito... bem... eu vou nessa, obrigado.
atendente> tome um telefone de outro dentista.
duende> obrigado... ele fica aqui no conjunto?
atendente> não sei!
duende> obrigado de novo....

Inacreditável!!!

Sigo então pelo corredor, rindo de mim mesmo e pensando o que faço então de minha vida. Ligo para o telefone indicado, onde uma atendente muito mal humorada me responde que o Doutor Luiz Sérgio não tem horário hoje e é um UROLOGISTA! As pessoas enlouqueceram!
OBA! :)

Já que via crúcis virou circo resolvi desistir desta merda toda. Comprei uma escova de dentes bem bonita (a mais bonita da farmácia, com anteninhas roxas e cores da moda... dizem que brilha na luz negra...), a pasta de dente com a maior poluição visual possível na embalagem (daquelas de combate tártaro, cáries, mau hálito, gengivite, dores lombares, depressão e ainda previne o atraso da menstruação) e um bochechador PORRETA. Como escolhi o bochechador? Bem... o nomezinho esta escrito no papelzinho promocional onde a atendente redondinha havia anotado o telefone do urologista.

E assim foi.


Estou agora contando esta história, feliz e satisfeito, com os dentes limpinhos com sabor de menta e as gengivas bem melhorzinhas. Até amanhã acredito que as bolas de pingue pongue (que se os Deuses quiserem não são minhas amígdalas) devem melhorar. Acho que a inflamação toda era causada pela gengivite e... Bem... vcs não querem ouvir minhas teorias que justificam a minha desistência de ir ao dentista, querem? :)


Bem... é isso.


Agora vou nessa, pq tem alguém lá embaixo que veio salvar meu dia. :)

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