Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

A incrível história do jornal que ridicularizou os blogueiros (e seus leitores) e acreditava estar sendo engraçadinho.

(dica da Paulinha Góes, em uma lista de discussão do Global Voices em Português)




Os meus colegas falam por si mesmos, e eu assino embaixo:

"O Carlos Merigo acabou de publicar no Brainstorm#9 e no radinho de pilha um texto sobre a nova campanha do Estadão contra os blogs.

A campanha se baseia na idéia de que informação de qualidade só se acha na mídia tradicional. Se a intenção era criar algo engraçado eles já conseguiram, porque a campanha por si só já é uma piada.

Vou deixar aqui um link pro pessoal do Estadinho se informar melhor.

The State of the Blogosphere - Technorati"



"Antes que este filme sobre o "blog do Bruno" entrasse no ar, outro comercial anterior dessa campanha, "Ruivos" (que exibe três amigas suspirando por ruivos de aparelho, após terem lido num blog, escrito por um ruivo, que eles costumam ser mais bem-sucedidos do que os outros homens), já havia suscitado reações indignadas na blogosfera. Gabriel Tonobohn escreveu: "Jornais e revistas online têm um objetivo, que é de apenas informar. Blogs, além disso, dão opinião e possibilitam uma discussão dentro do seu espaço, junto ao leitor. É por isso que muito desses jornais também possuem blogs. Inclusive o próprio Estadão". Luciana Monte complementou: "Em regra, o blogueiro escreve sobre o que tem vontade. Blogueiros não obedecem a um editor-chefe, não têm pauta pré-determinada e seus artigos não sofrem sucessivos cortes para se ajustarem à linha editorial do veículo que paga o seu salário"."



"A mensagem é absolutamente clara e generalista: todos os blogs, e mais, TODO O CONTEÚDO CRIADO POR NÃO PROFISSIONAIS, não presta. A campanha é clara ao afirmar: blogs copiam informações, blogs só escrevem bobagem, blogs não tem discernimento.

Sinto muito se não era essa a intenção do jornal, se na verdade o que eles queriam dizer era "tome cuidado com o que lê". É tarde demais para fazer suposições, nós, blogueiros, só podemos falar do que está no ar, do que está sendo veiculado. Se a intenção era outra, há ainda mais motivos para a campanha estar errada."






"O Estadão está atirando para o lado errado. Recomendo fortemente à equipe comercial do site que estude a fundo o impacto social dessas ferramentas hoje, e avaliar se realmente está doendo no bolso deles a ascensão dos blogs brasileiros.

O triste disso tudo é que estão denegrindo o uso social da ferramenta blog. Um dos fins mais comuns para a ferramenta fica com sentido pejorativo, e arrasta junto tudo que o blog pode trazer de bom na internet.

E o mais engraçado? A única coisa que eu leio no Estadão hoje… são os blogs."


Estava demorando para que algum jornal disparar o primeiro tiro (contra o próprio pé, bem entendido) de uma guerra burra e desinformada contra a blogosfera. A mídia tradicional está agonizando por conta de seus próprios vícios. Nada mais natural do que tentar satirizar os vícios da mídia cidadã, onde eles existem, na tentativa de se firmar. Mas como diz o sempre sábio Inagaki, o futuro da mídia é a convergência e não a competição entre campos midiáticos. Se os jornais resolverem dar uma de "só tem espaço para nós aqui", em breve não terão mais espaço nenhum.

3 comentários:

Adroaldo Bauer disse...

Pessoas, por amor a Tutatis e Belisama, sei que São Paulo é ainda uma cidade pequena, mas deixei aqui em Porto Alegre de ler o Estadão em 1990, para meu azar, por certo.
Não morri desinformado por pouco, porque li a joça essa dos caras por obrigação profissional até quase o estertor.
NYT e catrefa estando na rede, Japão 12 horas mais cedo em inglês, com edição atualizada de hora em hora, porque ler um jornal que já vem com cheiro de peixe.
Só se for pra estragar o gosto do peixe que se vai levar pra casa.
Tem mais: guia de cultura já tem na rede muito antes de sair nos tijolinhos dele.
Endereço de boteco bom não sai no jornal.
Pra que mesmo serve o estadão?
Ah! Pra captar anúncio dos governos que eles elegem ou querem depor e pra vender carro velho, imóvel usado e anunciar puteiro de granfa, com o perdão da expressão pouco à altura do vetusto.
Vá de retro!

Carine Roos disse...

Ele anda empoeirado mesmo, mas não é por querer não, tem mta coisa rolando na minha vida ao mesmo tempo, to esperando sentar poeira, essa semana ainda atualizo verde,
bjus da poocah!

Paula Góes disse...

Obrigada pela citação, :) me verei realizada nos posts do seu blogue e nos textos do GVO!