Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

algumas reflexões.

Tenho refletido um bocado sobre a função dos blogueiros em nossa sociedade, e principalmente feito uma auto-crítica a respeito da minha atuação enquanto blogueiro (com uma grande ajuda do impiedoso e viril olhar antropológico de minha ranzinza porém adorável companheira). Vou poupar-lhes dos meandros e das tortuosas linhas seguidas pelos meus pensamentos nos últimos dias. Quero apenas fazer algumas colocações que me soaram importantes depois de pensar um bocado...

Primeiro, gostaria de pedir desculpas aos meus 8 leitores pela saraivada de besteiras e afirmações impensadas às quais vez por outra são sujeitados neste blogue. Por vezes não levei a sério o bastante a minha responsabilidade de comunicador, e sobretudo a enorme diferença entre vossos olhos e penicos. Sim, eu admito que falei muita besteira em muitos de meus posts e, mesmo quando não o fiz, poderia ainda assim ter feito uma reflexão melhor a respeito dos temas que abordei. Se for para falar o óbvio, ou falar uma besteira qualquer de mesa de bar, é melhor fazer isso em boa companhia em um boteco.

Não há nada de errado em se falar besteira. Muitos blogues se propõe a fazer isso. Este já foi um deles. Um dia, não sei se pelo passar dos anos ou por uma tentativa de mudar meu tom, inventei de ser um "blogueiro sério". É claro que isso acabou soando como mais uma piada. Há quem diga que não tenho vocação para isso. O tempo dirá se tenho. Tudo que sei é que tenho uma vocação razoável para o nonsense, e gosto disso. Mas na hora de falar besteira, fala-se besteira. É melhor não falar besteira em momentos e temas que alguém pode me levar a sério. Admito que tenho que ter mais responsabilidade com o que falo por aqui.

Postas estas coisas, fico me perguntando quais serão os caminhos deste blogue. Em certos momentos, penso em dar meia volta e retornar à proposta 'nonsênsica' que norteou seu nascimento e primeiros passos. Em outros momentos, acredito que deveria me disciplinar e tornar este blogue em um lugar de um pouco mais de seriedade (sic!) e respeito (sic duplo!). Seja como for, acho que devo ter a responsabilidade de deixar um pouco mais claro quando estou falando apenas besteira, e quando estou fazendo uma reflexão séria a respeito de algo. E quando estiver falando sério, ser mais cuidadoso com as minhas palavras.

A vida é assim mesmo, dizem. Vou me furtar de citar Santo Agostinho, pois eu detesto o fã clube religioso que detém o copyright espiritual de suas palavras, mas havia um tempo para se fazer coisas de moleque, e há um tempo para se crescer -- ao menos em alguns aspectos. Vamos ver que rumos o Alriada Express (e eu) iremos tomar neste momento de nova maturidade (sem perder o senso de humor). Eu com vinte-e-nove, ele com cinco -- está na hora de nos darmos ao respeito (combo sic! 3 hits, hó yuken!!!).

Queiramos ou não, neste momento em que a força da blogosfera brasileira cresce (ao menos em alguns círculos), a responsabilidade de se ter um blogue -- este palanque digital que nos dá voz ao menos dentro de nossa elite de "com-computador e com-internet" -- aumenta a cada dia. Mesmo que para alguns seja claro que blogues são apenas representações digitais dos indivíduos que estão por trás dos mesmos, ainda há aqueles que entendem a palavra escrita publicada em um blogue de uma forma análoga àquela publicada em um jornal. Isso não apenas é inevitável, pois fomos muitas vezes educados a utilizar a palavra jornalística (à qual a palavra blogueira tantas vezes se assemelha e se mistura) como elemento base de nossa construção de visão de mundo, mas é também algo complexo demais para ser simplesmente tido como bom e ruim. Ao mesmo tempo que a seriedade, por vezes pouco crítica, com que alguns lêem jornais e blogues pode ser muito ruim, é ela também que dá um pouco da força da qual desfruta hoje a blogosfera. Se as pessoas entendessem sempre, como por vezes professamos que gostaríamos que elas entendessem, que um blogue é apenas uma pessoa falando através de uma ferramenta, talvez não levassem os blogues tão a sério. Da mesma forma, estas são as pessoas que levam os jornais a sério, e que acreditam em governos -- a maioria (mesmo dentro da minoria informatizada que representamos). Posto isso, é necessária uma reflexão a respeito da influência que se pode ter sobre o seu leitor e, sobretudo, sobre a qualidade das idéias e reflexões que se está publicando. Não me engano achando que as minhas palavras tem tanto alcance assim. Sou bom em algumas coisas, mas considero-me um blogueiro medíocre. Mas uma boa parte desta mediocridade veio da falta de atenção e seriedade com que levei este blogue tantas vezes. Hoje quero não apenas me tornar um blogueiro melhor, mas também mais ciente de que se em algum momento aquilo que escrevo fizer alguma diferença para alguém, devo estar muito consciente e atento para o modo como estou fazendo esta diferença. Posso ser um blogueiro ruim, mas sou um aspirante a blogueiro do bem. :)

Não sei se falei coisa com coisa, mas esta era uma reflexão desabafo que queria partilhar com vocês. Se ninguém tiver lido, não tem problema. Agora vamos dar um rumo a este blogue.


Abraços do Verde.

2 comentários:

Uira Porã disse...

eu li!

Daniel Duende disse...

e o que achou, meu caro cara?

abraços do verde.