divagando sobre Pirsig...
De vez em quando Robert Pirsig dá uns nós na minha cabeça. Mas para desfazer nós basta dividir os nós com os nós da nossa rede...
(16:19:02) Duende: Pirsig deu mais um nó na minha cabeça...
(16:19:03) Duende: :)
(16:19:08) dpadua@xemele.cultura.gov.br: é?
(16:19:10) dpadua@xemele.cultura.gov.br: que nó?
(16:21:23) Duende: nem sei explicar direito. é na parte do livro em que ele começa a evidenciar o conflito entre a moralidade biológico-social e a moralidade sócio-intelectual, e apresenta como estes conflitos de moralidades podem explicar a paralização intelectual e social que nos impede de conseguir endereçar os conflitos advindos da decadência dos valores vitorianos e do fracasso da revolução cultural de sessenta em produzir novos padrões morais....
16:22
(16:22:31) Duende: em suma... a criminalidade, o desespero e a falta de rumo e sentido das vidas contemporâneas tem algo a ver com a destruição dos velhos padrões morais sem a construção de novos padrões morais sócio-intelectuais, o que nos leva a buscar no passado (nos velhos padrões) uma resposta para evitar que caiamos novamente nos conflitos biológico-sociais da pré-história, o que acaba acontecendo.
(16:22:39) Duende: bem... eu disse que não era fácil de explicar.
(16:22:44) Duende: :)
(16:23:11) dpadua@xemele.cultura.gov.br: mas eu entendi.
(16:23:26) dpadua@xemele.cultura.gov.br: é a moral do confronto morrendo e a moral da confraternização nascendo.
(16:23:31) dpadua@xemele.cultura.gov.br: we need a new socrates.
(16:23:39) Duende: o "nó" é lidar com a idéia de que os padrões antigos podem ser uma solução melhor do que a decadência dinâmica, que não se estrutura e portanto nos leva a nos perdermos cada vez mais em problemas que a sociedade romana já havia solucionado...
(16:24:21) dpadua@xemele.cultura.gov.br: pois é.
(16:24:25) dpadua@xemele.cultura.gov.br: eu tbm tô nesse nó
(16:24:27) Duende: Pirsig diz que para que haja confraternização (e boas intenções e atos) entre as pessoas é necessária uma reestruturação de valores sociais e intelectuais que não é possível pois não temos ponto de partida. O que acontece é que estamos caindo sem parar...
(16:24:58) dpadua@xemele.cultura.gov.br: sim... "onde é a cordinha do pára-quedas?", diria didi mocó
(16:25:20) Duende: Passamos 50 anos atacando a última moralidade que possuíamos. Agora só nos resta a moralidade biológica que acaba subsumando a moralidade intelectual...
(16:25:56) Duende: Pirsig defende que apenas uma revolução moral e ética pode solucionar o "ralo" degenerativo por onde nossa cultura está escoando.
(16:26:18) Duende: nem a inteligência nem a socidedade conseguem solucionar o problema, pois paralizam uma à outra.
(16:26:50) Duende: A Metafísica da Qualidade apresenta que a falha em perceber que uma pessoa é um conjunto de padrões químicos, biológicos, sociais e intelectuais independentes nos causa uma paralisia.
16:27
(16:27:32) Duende: Tipo... você dizer que "depois que aquelas famílias de negros se mudaram para o bairro a criminalidade aumentou" não é uma afirmação racista. È apenas uma afirmação cujo nexo causal está distorcido.
(16:28:33) Duende: a criminalidade não aumentou porque as famílias tem pele negra. ela aumentou porquê as famílias, indiferente da cor de suas peles, apresentam uma moralidade biológica que defende a idéia do "roubo" e da "prevalecência do mais forte" que conflita com os padrões morais vigentes anteriormente.
(16:29:18) Duende: Roubo é uma forma de tomar para sí aquilo que se quer/precisa. É uma violência contra os padrões de propriedade que possuímos. Mas o Roubo é um elemento de uma moralidade biológica que se evidencia quando a moralidade social falha em prover para as necessidades de todos.
(16:29:23) Duende: Entende mais ou menos o problema?
(16:29:55) Duende: E isso não tem NADA a ver com os padrões biológicos das famílias (cor da pele, tipo de cabelo, etc...). Tem a ver com padrões sociais, ou com o fracasso deles...
(16:29:56) dpadua@xemele.cultura.gov.br: entendo 100%
(16:30:24) dpadua@xemele.cultura.gov.br: mas não entendi como vc está contextualizando o nó "global" na sua vida
(16:31:18) Duende: só que nossos padrões intelecutais que não distinguem entre padrões biológicos e sociais confundem tudo, e transformam a afirmação de "aquele negro é um ladrão" em uma afirmação racista. Não é, pois esta afirmação difere de "aquele branco é um ladrão" apenas na evidenciação de um elemento do padrão biológico, que nada tem a ver com o padrão social.
(16:31:39) Duende: não é um nó global em minha vida. é um nó na minha percepção de questões de sociedade e pensamento.
(16:31:53) Duende: refinando a questão...
16:32
(16:32:20) Duende: o que estou enxergando é que vivemos um tempo de enorme CONFUSÂO de níveis estáticos, e estas confusões nos levam a falhas paralisantes de percepção.
(16:32:37) Duende: na verdade conforme estou te explicando, o nó vai se desfazendo.
(16:32:40) Duende: vamos fumar um cigarro? :D
(16:34:44) dpadua@xemele.cultura.gov.br: hehehehehehe
(16:34:45) dpadua@xemele.cultura.gov.br: vamos
(16:34:53) dpadua@xemele.cultura.gov.br: mas espera só uns 15 minutos,
(16:34:56) Duende: belez.
(16:35:01) dpadua@xemele.cultura.gov.br: que to resolvendo o registro do site do balaio café
(16:35:08) Duende: é o tempo de que preciso tb para baixar as fotos e publicar esta conversa :)
technorati tags - Pirsig, Qualidade
Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.
Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.
Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.
quarta-feira, 20 de setembro de 2006
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário