Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Democracia?

Eduardo Galeano, em recente matéria do El País, escreveu algumas palavras sobre a democracia brasileira:

"En 1889 murió la democracia en Brasil.

Esa mañana, los políticos monárquicos despertaron siendo republicanos.

Un par de años después se promulgó la Constitución que implantó el voto universal. Todos podían votar, menos los analfabetos y las mujeres.

Como casi todos los brasileños eran analfabetos o mujeres, casi nadie votó.

En esa primera elección democrática, 98 de cada 100 brasileños no acudieron al llamado de las urnas.

Un poderoso hacendado del café, Prudente de Morais, fue elegido presidente de la nación. Llegó de São Pablo a Río y nadie se enteró. Nadie fue a recibirlo, nadie lo reconoció.

Ahora goza de cierta fama, por ser calle de la elegante playa de Ipanema."

Preciso traduzir, ou vocês já sabem o que ele quer dizer?

É a mais pura verdade. Qualquer um que tenha se debruçado sobre o tema, ou ao menos pensado um pouco, pode dizer que a democracia só existe atualmente na cabeça daqueles que enchem a boca para usá-la como desculpa para seus desmandos oligárquicos. Democracia de quem? Quem é o DEMO a quem a palavra anda se referindo, e que manda em Estados como o nosso? Ao povo que não é.

Devem ser os tais DEMocratas, que já foram Frente Liberal, e agora se ocupam de tentar destruir a melhor -- embora ainda não tão bem suscedida -- tentativa de governo que o Brasil já teve. O govern Lula ainda não é democracia, mas já é um passo nesta mística direção. Espero que o nosso próximo passo não seja na direção errada, para variar. Bem que os DEMocratas iriam gostar.


(quem me enviou o trecho, junto com vários outros trechos interessantes, foi a Lelex -- como sempre, na lista do Metarec)

terça-feira, 11 de março de 2008

Campus Party, Colaboração e Encontros...

Reverberou bem menos um debate a meu ver muito mais relevante, que envolve a necessária mobilização da rede para uma ação política em torno do ativismo digital. O clima do evento me parecia propício, e neste sentido tentei levantar a bola incluíndo um item sobre Ecologia Digital no BarCamp dos blogs proposto pelo Avório. A provocação era mais ou menos esta:
Além da questão da propriedade intelectual, outros aspectos como democratização do acesso à rede, promoção da digitalização dos acervos públicos, livre acesso ao conhecimento científico disponível, e a promoção de tecnologias livres para a coleta, organização, disponibilização, comunicação, agregação e uso colaborativo da informação também seriam aspectos importantes para um ativismo digital. O fato é que este conjunto de temas interconexos não encontra lugar no debate popular ou no entendimento político, e neste contexto é que surge a Ecologia Digital, exercitando uma analogia com o movimento ambientalista. Sob o conceito do "ambientalismo", nos anos 70, diferentes grupos com diferentes interesses (algumas vezes contraditórios) puderam se organizar de forma efetiva em torno de uma ampla coalizão política. É exatamente isto que precisamos agora na rede - uma abordagem que possa efetivamente apresentar as questões relevantes e promover o debate que irá ativar o movimento de defesa do domínio público e dos avanços e liberdades viabilizadas pelo surgimento da Internet.
Ao que parece, a proposta de desconferência via wiki do Avório era estruturada demais para o ritmo alucinante da galera presente, que se mostrou mais afeita ao fluxo emergente do livestream poweredby twitter. Portanto o papo da ecologia digital não rolou no cparty, mas a manifestação contra a "lei azeredo" mostrou que a mobilização é viável. Outras intervenções como a do ministro Gil sobre a proibição do Counter Strike ("vocês tem que reclamar!!"), e o comentário de Pedro Doria registrado na entrevista com o Dpadua reforçam a tese de que a mobilização dos interessados é o primeiro passo"

Eu sei que todo mundo já escreveu, e alguns já escreveram demais, sobre o Campus Party. Mas o novo post do Murilão (e não só porquê é meu irmão) está muito interessante. Vale a pena ir lá dar uma olhada, e não deixar de assistir o vídeo da entrevista que o DPadua fez com o Pedro Dória.


Além disso, o post tem foto bonita da família. =)


Duende, Spawdin e Murilão: três Carvalhos se encontram
na selva-disneylândia ciborgue.



UPDATE:
[mode sacanagem]
Em tempo... "comentário de Pedro Doria registrado na entrevista com o Dpadua" é uma expressão mais do que adequada. Quando o DP entrevista alguém, a gente nunca sabe se é ele ou a outra pessoa o verdadeiro entrevistado.
[/mode]

Ok. Parei. =)

Justificativa de ausência...

A correria para dar conta do Global Voices Online E do Global Voices em Português ao mesmo tempo está grande. Quando além disso ainda me envolvo com mais dois projetos e, sobretudo, ainda tenho que viver uma vida normal (o que, por sinal, é mais importante do que tudo mais), o tempo para qualquer outra coisa fica bem escasso...

Ultimamente, só meu computador e minha namorada tem me visto com frequência.
Desculpem a relativa ausência aqui no blogue.
Quando posso, passo por aqui para escrever algo.

Abraços do Verde.

Coisas que não mudam...

(do twitter [1,2] para o blogue, com algumas modificações)

Existem coisas que nunca mudam. A Igreja, a tal "pedra de Pedro", é uma delas.

Os sete pecados capitais agora são catorze, e parece que tem gente que ainda acha bonitinho. Enquanto isso, violentar crianças, se aproveitar da fé e do sofrimento alheio, e se esconder por trás da batina (e ser pela igreja protegido) continua, aparentemente, não sendo pecado. Se fosse, os padres e outros eclesiásticos "mais próximos de Deus" não o fariam, certo?

Certo!?

Tem coisas que não mudam...

quarta-feira, 5 de março de 2008

Descansa enfim o grande guerreiro dos direitos do autor.

Otávio Afonso dos Santos, mais do que um colega e um professor em meus tempos de Ministério da Cultura, era também um ícone de luta equilibrada e muito produtiva em prol dos direitos do autor e do artista brasileiro. Sua contribuição à Cultura e seu exemplo de dedicação, vontade, fé, pragmatismo e bom humor ficarão pra sempre na memória e no coração daqueles que o conheceram.

Otávio era um guerreiro, um poeta e um homem de senso de humor generoso e fino, e nunca me esqueço do dia em que eu o conheci. Só de ele não ter achado que sou louco quando respondi, a meu jeito, por quê meu apelido é Duende, já é um tributo à sua capacidade de enxergar além das aparências e buscar o que importa.

No pouco que pude acompanhar de sua luta contra os males que lhe consumiam o corpo, que apenas com insistência constante dos médicos o afastaram por algum tempo de sua luta diária, Otávio sempre manteve a fé, a vontade de viver e trabalhar e, sobretudo, o bom humor.

Hoje vou beber um brinde ao guerreiro sorridente, que agora deve estar andando pelas estrelas e graçando outros lugares com sua luminosa presença.

Nota de Falecimento
Comunica, com imenso pesar, o falecimento de Otávio Carlos Monteiro Afonso dos Santos, ex-Coordenador-Geral de Direito Autoral do Ministério da Cultura, ocorrido na manhã desta quarta-feira, dia 5 de março, em Brasília. O velório será realizado hoje, 5 de março, a partir das 15h, no Templo 2 (em frente à Capela 10), do Cemitério Campo da Esperança, onde também ocorrerá o sepultamento, às 18h.
Otávio Afonso - Considerado uma das maiores autoridades em Direitos Autorais na América Latina - campo ao qual se dedicou por quase trinta anos -, era jornalista e servidor público federal de carreira. Poeta, foi o primeiro brasileiro a ganhar o prêmio Casa de Las Américas, em Havana/Cuba em 1980, com o livro de poesias "Cidade Morta". Atuou com destaque como delegado brasileiro nas discussões sobre Propriedade Intelectual junto a organizações como a Unesco, a OMC e a OMPI e, em diversas ocasiões, representou o Brasil nas negociações na Alca e no Mercosul, dentre outros fóruns internacionais. Foi agraciado em 2006, com a Comenda do Mérito Histórico Cultural pela Academia Brasileira de Arte Cultura e História (ABACH). Com esta homenagem, a instituição reconheceu os relevantes serviços prestados por Otávio Afonso em prol dos direitos autorais, da música, dos livros, da cultura e dos artistas brasileiros.
Marcos Alves de Souza
Coordenador-Geral de Direito Autoral
Ministério da Cultura do Brasil


Vai em paz, professor e amigo.
Seu trabalho está feito, e segue nas mãos daqueles que você inspirou.

Comunicado do Estado Maior das FARC

Depois do ataque terrorista do exército colombiano contra um acampamento das FARC, que vitimou o dirigente revoluncionário Raúl Reyes e outros 15 guerreiros, e que ocasionou o rompimento de relações diplomáticas entre Equador e Colômbia, o Alto Comando das FARC soltou o seguinte comunicado através de seus canais de comunicação (e que chegou a mim através da Lelex, que o enviou para o grupo do Metareciclagem):



correspondencia de prensa - boletín solidario
Agenda Radical
Edición internacional del Colectivo Militante
5 de marzo 2008
Redacción y suscripciones:
germain5@chasque.net

Colombia

Comunicado de las FARC-EP
¡Honor y Gloria eterna para el comandante Raúl Reyes!

Pronunciamiento del Secretariado de las FARC-EP: El comandante Joaquín Gómez reemplaza a Raúl Reyes en su puesto en el Secretariado

1. Informamos al pueblo colombiano y a la opinión internacional, que ha muerto el comandante Raúl Reyes, revolucionario integral y ejemplar, que entregó toda su vida a la causa de los explotados, la liberación nacional y la Patria Grande que soñó Bolívar. Rendimos honores para él y para los otros 15 guerrilleros caídos a su lado.

2. El comandante, cayó cumpliendo la misión de concretar a través del Presidente Chávez, una entrevista con el presidente Sarkozy, donde se avanzara en encontrar soluciones a la situación de Ingrid Betancur y al objetivo del intercambio humanitario.

3. La alevosía del ataque, la perversidad y el cinismo mentiroso de Álvaro Uribe para deformar las circunstancias de la muerte del comandante Raúl, no solo tensionan peligrosamente las relaciones de este gobierno con las repúblicas hermanas, sino que golpearon de gravedad las posibilidades del Intercambio Humanitario y anularon la salida política al conflicto con este régimen paramilitarizado y pro-yanqui.

4. A los presidentes Hugo Chávez, Nicolás Sarkozy, Rafael Correa, Daniel Ortega, Cristina Fernández, Evo Morales y a todos los gobiernos amigos de la paz, a los familiares de los prisioneros y a esa inmensa mayoría que apoya el Intercambio Humanitario los alentamos a continuar luchando por el despeje de Florida y Pradera.

5. La causa de la paz cimentada en la justicia social por la que el comandante Raúl Reyes ofrendó su vida, sigue ondeando en lo más alto de las montañas de Colombia, en la Plataforma Bolivariana, el Plan Estratégico de las FARC y en la voluntad inquebrantable de lucha de los guerrilleros y del pueblo en todo el país. A Raúl lo recordaremos siempre con profundo cariño, destacándose en él su firmeza revolucionaria, su perseverancia, su tesón y eficacia para dar a conocer ante la comunidad internacional la realidad de las FARC como ejército Revolucionario y, su entereza para dinamizar la estrategia bolivariana de unidad continental.

6. Informamos que el comandante Joaquín Gómez ingresa a partir de la fecha como miembro pleno del Secretariado del Estado Mayor Central.

Honor y Gloria eterna para el comandante Raúl Reyes.

Por la Nueva Colombia, la Patria Grande y el Socialismo: Ni un paso atrás!

Secretariado del Estado Mayor Central de las FARC-EP
Montañas de Colombia Marzo 2 del 2008

Correspondencia de Prensa - Agenda Radical - Boletín Solidario
Ernesto Herrera (editor):
germain5@chasque.net
Edición internacional del Colectivo Militante - Por la Unidad de los Revolucionarios
Gaboto 1305 - Teléfono (5982) 4003298 - Montevideo - Uruguay

Agendaradical@egrupos.net


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domingo, 2 de março de 2008

Um chamado à colaboração.

Como vocês puderam ler no meu post anterior, assumi agora interinamente a Co-Editoria de Lingua Portuguesa do Global Voices Online. Entre minhas demandas está a publicação diária de links para blogues e blogadas relevantes das blogosferas lusófonas do mundo.

Como não acredito em trabalhar só, chamo meus amigos/leitores a me ajudarem.

Se você conhece/escreve um blogue relevante sobre qualquer assunto (mesmo que seja apenas sua opinião) em língua portuguesa (qualquer dos sabores da língua!), ou viu alguma blogada relevante nos últimos dias (também em língua portuguesa), que tal me dar uma dica?

Mande o endereço do blogue ou da blogada, se possível com seu comentário a respeito da relevância do mesmo ou da mesma, para o meu email daniel.carvalho[at]gmail.com ou deixe um comentário aqui neste post com a dica.


A blogosfera, e o Duende que vos escreve, ficará eternamente agradecido pela sua colaboração.


Abraços do Verde.


p.s. aos amigos blogueiros, ficaria muito grato se passassem em frente o meu pedido. aceito dicas de desconhecidos, desde que sejam boas. :)

Correrias, partos do dia a dia...

Agora é oficial. Além de cortar um dobrado na coordenação do Global Voices em Português, um site dedicado a selecionar e traduzir conteúdos do Global Voices Online para a língua portuguesa, estou também interinamente ocupando a editoria de língua portuguesa do Global Voices Online.

A experiência tem sido interessante, mas também um bocado desgastante. Escrever meu primeiro artigo, sobre o Campus Party (que finalmente consegui publicar ontem), para o GV foi um verdadeiro parto. Por outro lado, o trabalho de fazer os links curtos (roundups) é bem bacana. Acho que deve ser uma questão de tempo até eu pegar o jeito e me adaptar a somar as duas funções. Até lá, chicotadas no escriba...

p.s. em meio a tudo isso, me ressinto da falta de tempo para viver e escrever poesia e contar histórias.

p.p.s. para quem estava me perguntando, e ainda não se sentiu respondido, a matéria sobre o Campus Party em inglês está aqui, e sua tradução está aqui.