Um Casamento à Indiana é um filme muito honesto. Consegue divertir sem perder sensibilidade e tocar o coração sem perder a sutileza. É um filme que não tenta se explicar enquanto se desenrola, apenas conta sua história muito humana no limite da simplicidade e exuberância indianas. É este, inclusive, um dos pontos mais especiais do filme: trata-se de um filme profundamente indiano, mas que ao mesmo tempo pega a veia de questões humanas universais. Em meio à complexidade da ritualística dos preparativos de um matrimônio surgem, com uma sutileza tocante, questões como a infidelidade e o conflito entre paixão e um casamento arranjado, segredos familiares, diferenças culturais, e o conflito e casamento entre a tradição e a modernidade na Índia moderna.
A história do casamento da filha única de um casal punjabi de classe média alta serve de fio para uma meada macia e rica de conflitos e encontros entre pessoas profundamente humanas e reais, trazendo mais de uma lição de vida discretamente entretecida em meio a sua trama aparentemente sem grandes pretensões. Mas, como já disse, é um filme que não se explica. Muitos detalhes e nuances podem escapar àqueles que não tem algum conhecimento prévio da cultura e sociedade indianas, mas o essencial do filme não depende de conhecimento algum. Basta que se seja humano e se deixe tocar, e que se enxergue o quanto de sua própria vida e da vida daqueles que se conhece está retratado alí, nos eventos que cercam o casamento de uma jovem indiana. É um filme sobre amor e família, em suas formas mais profundas. Recomendo!
Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.
Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.
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domingo, 30 de julho de 2006
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