Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Nova Constituição Boliviana no CMI

Fechando as veias abertas da América Latina

Dia 25 de janeiro, ocorreu na Bolívia o referendo sobre a nova Constituição, elaborada pela Assembléia Constituinte desde agosto de 2006. Há anos esta demanda se intensifica nos movimentos indígenas e camponeses, com a "Marcha por la vida, territorio y dignidad" em 1990. O antigo texto da Constituição tinha forte teor colonial e elitista, com vinculação da Igreja católica e o Estado e não reconhecendo os direitos dos povos indígenas sobre seus territórios. A formação e os trabalhos da Assembléia Constituinte foram marcados por intensos conflitos entre setores populares, camponeses e indígenas com a oligarquia latifundiária especialmente da chamada Meia Lua (os estados de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija), que promoveu inúmeros atos de violência, racismo e discriminação - sendo o último mais intenso o massacre de cerca de 20 camponeses e indígenas em setembro de 2008.

Desde 2000, a Bolívia passa por um processo profundo de transformação social, com levantes contra a privatização dos bens naturais protagonizados principalmente pelas comunidades indígenas, que são cerca de 70% da população de 4 milhões de bolivianos/as. Mais do que levantes contra a privatização, estes levantes questionam o colonialismo que ainda persiste na Bolívia, que oprime e explora a população indígena que tem sua memória apagada, seus costumes discriminados e seu modo de vida destruído pelos interesses dos latifundiários e do capital internacional.

A nova Constituição, aprovada com mais de 60% dos votos, reconhece a existência de 36 povos originários e faz coexistir seus modos de democracia direta e justiça comunitária com os métodos ocidentais, além de incluir em todas as esferas de eleição representantes dos povos indígenas. A Constituição também declara todos os recursos naturais propriedade do povo boliviano administrado pelo Estado, impedindo qualquer iniciativa de privatização. Além disso, declara que a Bolívia se "organiza territorialmente em Departamentos, Províncias, Municipios e Territórios Indígena Originário Campesinos" (Art. 269). No referendo também foi votado o limite máximo da propriedade privada da terra: 78% dos bolivianos/as aprovaram o limite máximo de 5000 hectares, contra 22% que votaram pelo limite máximo de 10000 hectares.

Entretanto, longe de ser a consolidação do processo de mudança, a nova constituição é só um passo do que o presidente Evo Morales chamou de fim do colonialismo interno e externo. A governadora do estado de Chuquisaca Sabina Cuellar convocou a não-aceitação e desacato à nova Constituição. Desta maneira, a luta "desde abajo" continua contra os ataques daqueles que querem manter a maior parte dos bolivianos/as numa situação colonial.

Bolívia, passado e presente pela transformação | O SIM à nova constituição já chega a 60% | Gannha o NÃO à prepotência da direita | Fim do Estado colonial na Bolívia | Bolivianos aprovam nova constituição | CartaMaior:: "Vitória da nova Constituição significa refundação da Bolívia" | Bolívia: fazendo sua própria história

Fotos:: Encerramento da campanha do SIM em El Alto | Votação e contagem de votos em El Alto | Festa pela vitória do SIM em La Paz

Mais informações (em espanhol):: CMI Bolívia | CMI Sucre | Red Tinku | Rebelion.org | Agência Boliviana de Información

Fonte: CMI-Brasil

2 comentários:

Anônimo disse...

(Ontem sonhei com vc casado e com 3 filhos mulatinhos. Hoje estava aqui no google buscando alguma coisa sobre o CONIC, e acabei chegando a um texto teu no Overmundo.
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Samambaia - just passing by...!)

Daniel Duende disse...

3 filhos mulatinhos!? o.O

Mas vc não sabia que eu detesto crianças? =P

Gostou do texto sobre o Conic?

Abraço do Verde.